terça-feira, 20 de abril de 2010

Mexer no botãozinho certo

foto: Laura Toscani
Professor da noite, Marcelo Rospide e aluna kick offer Aline Ben,
 Intervalo do Kick Off na Perestroika


Perestroika, noite de aula do Kick Off:
Nando Gross: “ - Rospide, se tu quiser fazer um intervalinho...”Marcelo Rospide: “- Não, não, vamos tocar.”

A aula do auxiliar técnico do Grêmio Marcelo Rospide ontem no Kick Off da Perestroika encerrou perto das 23 horas e como se percebe no diálogo acima a empolgação não era só dos alunos do curso. O assunto era planificação, programação e periodização do treino no futebol, e do conteúdo assimilado em aula deu para ter certeza que existe muito trabalho por trás de um “simples” treino de futebol e que profissionais como o nosso professor de ontem dão muito valor para a importância de um trabalho bem realizado.


“Eu vejo o futebol de outra maneira.” Rospide fez questão de mostrar seu olhar diferente e seus métodos de trabalho e análise de partida e de adversário. Ele acredita que o treinador deve ter convicção no seu modelo de jogo, conhecer e respeitar o histórico do clube onde trabalha, na importância da conversa próxima com os jogadores e no conhecimento das características dos seus atletas. Marcelo Rospide apresentou sua forma de trabalhar e se mostrou um profissional que busca a quebra de paradigmas no futebol, defendeu com opinião e segurança suas afirmações e demonstrou acima de tudo confiança no seu trabalho. Para Rospide, o técnico precisa saber mexer no “botãozinho” certo durante o jogo, posicionar as peças do seu time e fazer os jogadores compreenderem o que devem fazer dentro de campo, a idéia de jogo, tendo ao mesmo tempo o poder de tomada de decisão em uma partida. Uma das colocações que mais gostei durante a aula foi sobre a questão da velocidade de um jogador, isso porque gosto do futebol jogado com o “cérebro”, aquela jogada que ninguém esperava, a solução do craque que tanto encanta o futebol: o jogador mais rápido é aquele que corre menos mas que se posiciona com inteligência dentro de campo.


Ontem entendi quando muitos jornalistas o apontavam como um profissional preparado para assumir o Grêmio, mas para assumir como treinador. Acompanhando ontem a apresentação de sua trajetória pelo clube percebi que Rospide já assumiu o Grêmio de todas as formas, como investimento de carreira, investimento na sua própria vida, assumiu na hora difícil, segurou o time até a chegada do próximo treinador, foi um “Rubinho Barrichello” para um “Michael Schumacher” como comparou um colega no final da aula. Mas acima de tudo, acho que Rospide assumiu a confiança no seu próprio trabalho no Grêmio e assumiu que a vaidade não tem espaço quando se valoriza o profissionalismo. Muitas vezes acreditar no próprio trabalho e seguir se esforçando vale mais que partir para uma “aventura” empolgando-se com o momento e sem pensar muito nas consequências a longo prazo. O profissionalismo cada vez mais mostra que por trás de um futebol bem organizado existem pessoas bem preparadas e trabalhando muito, mesmo.

domingo, 18 de abril de 2010

Agora a briga é de cachorro grande

Nos primeiros minutos da decisão da Taça Fábio Koff nem todos os torcedores do Pelotas que chegavam para o jogo tinham conseguido entrar no estádio Beira-Rio. Faltava o calor da torcida e o time visitante começou o jogo recuado. Fossati optou por poupar alguns jogadores do grupo titular do Internacional, peças importantes como Guiñazu e D’Alessandro começaram a decisão no banco. Walter e Nei que vinham se destacando nos últimos jogos também ficaram de fora. Taison e Andrezinho ganharam oportunidade de começar a partida e logo mostraram retorno. Aos 7 minutos Andrezinho cobra escanteio e Taison não se intimida, arrisca para o gol e chega perto de marcar. Jonatas, goleiro do Pelotas, já mostrava que iria ser uma das figuras do jogo e fez duas grandes defesas. Aos 15 minutos Alecsandro recebe de Andrezinho e finaliza, Jonatas espalma para escanteio, logo depois Taison pega bem na bola, mas Jonatas novamente salva o time do técnico Beto Almeida.

A festa nas arquibancadas foi um espetáculo à parte, mas foi quando os torcedores do Pelotas completavam seus espaços no Beira-Rio que o time do interior aproveitou um rápido contra-ataque. Alex Dias com categoria lançou Clodoaldo à esquerda do ataque do Pelotas. A zaga colorada só assistiu o lance depois que Sandro, de carrinho, na tentativa de interceptar a bola errou feio e só acertou uma acrobacia no vazio. O atacante do Pelotas dominou com calma, olhou o gol aberto e teve qualidade para marcar de cobertura. Aos 39 minutos, Pelotas 1 a 0. Logo depois o time Colorado voltou a pressionar mas mostrou os primeiros sinais de nervosismo, em cruzamento de Alecsandro, Taison que vinha muito bem no jogo, perdeu grande chance na pequena área. A resposta veio em seguida, Alex Dias escapa de Sorondo e quase na linha de fundo consegue um cruzamento rasteiro, Clodoaldo de novo, com o gol aberto empurra para as redes, Pelotas amplia no Beira-Rio, 2 a 0.

As primeiras vaias começaram a surgir das arquibancadas e o Internacional que começou o jogo pressionando o time visitante se desestabiliza em campo. O Pelotas continua apostando no contra-ataque, mas é o Internacional que chega a frente. Andrezinho cobra um escanteio na medida e Bolívar desmarcado finaliza de primeira, descontando no final do primeiro tempo. Na segunda etapa o jogo prometia ser o resultado da conversa no vestiário do time da casa. Nos primeiros minutos o Internacional teve a iniciativa das jogadas, mas nada que empolgasse a torcida colorada. Aos 8 minutos o técnico colorado chamou Walter no lugar de Giuliano, e foi chamado de “burro” pela torcida. Mas logo depois fez o mais incrível, tirou os dois jogadores que mais se destacavam no time colorado: Taison e Andrezinho, entraram D’Alessandro e Edu. A troca que parecia mais um ato de desespero acertou em cheio o gol do Pelotas, e duas vezes. O time da casa seguiu o embalo da torcida que finalmente acordava e ensurdecia quem estivesse no Beira-Rio. D’Alessandro cobrou escanteio nos pés de Edu, 2 a 2. O time colorado seguiu insistindo e aos 36 minutos, de rebote, D’Alessandro completa a festa colorada. Aos 46 minutos Jonatas ainda fez uma defesa espetacular em chute de Alecsandro, mas o jogo ficou mesmo nos três minutos de acréscimo de Carlos Simon. Internacional de virada garante vaga na final do Campeonato Gaúcho e leva para casa pela segunda vez seguida a Taça Fábio Koff.

A capital mostrou novamente a sua supremacia em um dos campeonatos gaúchos mais disputados dos últimos anos, mesmo com o bom futebol mostrado por várias equipes do interior, as taças novamente foram levantadas em Porto Alegre. O Grêmio garantiu a taça do colorado Fernando Carvalho, o Internacional a do gremista Fábio Koff. Agora é a finalíssima, serão dois domingos, duas batalhas, dois jogos que vão colocar fogo na temporada 2010 de Internacional e Grêmio. O Lobão ficou de fora, agora a briga é de cachorro grande.