domingo, 10 de fevereiro de 2008

Dedilhados de saudade

Eu sempre achei que os poetas escreviam melhor quando as lágrimas desenhavam suas letras.
Eu sempre achei que os poetas gostavam mais de escrever sobre saudade.


Eu sempre achei que o meu pai fosse um poeta.


Eu sempre tive medo da saudade que eu sentiria dele.


Como um poeta que deixa suas obras, ele deixou suas lembranças.


Lembranças boas de alguém que conquistava a todos.


Foi notável o número de pessoas que se mobilizou nesse momento difícil.


Com certeza, algo que amenizou a dor.


Sei que ele passou amor à todas essas pessoas.


Amor, o melhor que ele deixou, pra mim, pra minha mãe, para os meus irmãos.


Para todos que olhavam para seus olhos azuis e tinham uma paz em resposta, um sorriso, uma brincadeira, uma piada.


Obrigado a todos que também amam o meu pai e sentem saudade dele assim como nós.


Compartilhamos do mesmo amor que ele nos deixou.


Compartilhamos da mesma saudade.


Compartilhamos de um futuro que ele nos deixou para ser melhor.


Porque ele viveu, trabalhou, se esforçou para que fosse o melhor.


E Pai, com certeza vai ser.


O melhor passado, presente e futuro você deixou pra gente.


Você sempre esteve comigo, sempre estava e sempre estará.


Eu sei que não tenho seus olhos azuis.


Mas eu tenho muito mais de você do que possa imaginar.


Eu não tive só um pai.


Eu tive o melhor exemplo de ser humano que Deus já me apresentou.


Pai, desculpa por não ter conseguido tocar sua música na hora da despedida.


Sei que fui representada por uma pessoa tão iluminada quanto você.


Mas eu sempre vou continuar afinando meu violão com o dedilhado que você me ensinou.


“Amanheceu, peguei a viola e pus na sacola e fui viajar.”


Obrigado por eu ser a filha do Seu Edvar.


Obrigado por todo amor que você nos deixou.


Pra mim.


Pra todos.


“Felicidade foi-se embora e a saudade no meu peito ainda mora. E é por isso que eu gosto lá de fora porque sei que a falsidade não vigora.”



Aline Ben da Costa, a Pafuncinha do Seu Nezinho

3 comentários:

Fê Kich disse...

Amiga, com certeza de tudo que já li, foi a coisa mais linda...tudo se torna mais bonito quando vem do lugar mais profundo da alma, do lugar onde só essas pessoas especiais conseguem chegar.

No provavel momento mais difícil da tua vida, quero estar do teu lado para te segurar. Palavras não são úteis nessa horas, mas meus ombros estão disponíveis e meus braços estão abertos para tentar afagar teu coração!

Não conheci seu Nezinho, mas tenho certeza q foi um exemplo de bom homem, isso está refletido em ti, amiga, no teu sorriso, na tua educação, na coragem e bondade em seu coração.
Ele será pra seu teu portetor e irá abençoar a Pafucinha, onde quer que vc esteja.

Conta comigo sempre!!

Beijãooo

Maurice Brandão disse...

Tem um dito popular, "a fruta nunca cai longe do pé", que muitas vezes, pelo menos pra mim, se mostrou verdadeiro. Uma destas vezes comprovei quando fomos tocar em Taquari e conhecemos teus pais, Lineta.
Entendi naquele momento o que te tornava a amiga maravilhosa, a pessoa especial que és.
Era aquele amor de familia, aquele sentimento incondicional, aquela simplicidade de que a presença, a união de todos era o que mais importava... e isso se refletia no amor entre vocês.
A dor da saudade é algo que não se supera, se aprende a conviver. Quandoaprendi esta lição, quando perdi a minha amada irmã, tu foste uma das pessoas que esteve ao meu lado... como em tantas outras vezes... sempre apoiamos um ao outro, mesmo quando fomos "sem graça"...
Teu texto reflete não só tua dor, mas também tua pureza, e esteja onde estiveer, teu pai está orgulhoso da pessoa que és, das tuas palavras, do amor que cultivou em todos...
Conte com este amigo sempre, Lineta... mesmo ele sendo um "sem graça", tem um carinho enorme por ti e por tua família.
Bjão! Força!

Gabriela disse...

Éu fiz um blog pra mim também...
Já lia o teu antes e adoro teus textos...
Com esse deu até vontade de chorar!
É uma fase dificil, mas vai passar!
Beijos..