foto: Mauro Vieira, clicEsportes |
Olha lá, quem vem do lado oposto
Vem sem gosto de viver
Olha lá, que os bravos são
Escravos sãos e salvos de sofrer
Olha lá, quem acha que perder
É ser menor na vida
Olha lá, quem sempre quer vitória
E perde a glória de chorar
Eu que já não quero mais ser um vencedor
Levo a vida devagar pra não faltar amor
Olha você e diz que não
Vive a esconder o coração
Não faz isso, amigo
Já se sabe que você
Só procura abrigo
Mas não deixa ninguém ver
Por que será?
Eu que já não sou assim
Muito de ganhar
Junto às mãos ao meu redor
Faço o melhor que sou capaz
Só pra viver em paz
(O vencedor, Los Hermanos)
Linda a música do Los Hermanos. Não pude assistir quarta-feira o jogo do Grêmio, nem consegui postar antes o texto abaixo sobre o jogo contra o Vitória que foi no sábado. Muito trabalho, aquela ralação que a gente passa esperando algo melhor mais adiante, mais a nossa cara, com melhor retorno pessoal e financeiro, afinal a barriga grita no final do dia. E pra isso tudo a gente batalha, e espera o retorno do trabalho, mesmo que um dia venha aos poucos e às vezes tímido, o importante é acreditar e se esforçar. Eu acredito que quem sonha alto, se empenha, faz o que é certo, vai atrás e tem fé, tem a sua hora, mesmo que várias vezes o destino tente nos convencer do contrário. Todo o choro do Jonas ao final do jogo contra o Prudente na coletiva de imprensa me lembrou disso, de como a gente luta e como é emocionante vencer na vida. Não posso dizer que já consegui alcançar todos os meus sonhos, mas estou montando a estrada pra chegar lá. O choro do Jonas depois dos três gols que ele fez contra o Grêmio Prudente ontem no Olímpico e os 17 gols dele na artilharia do Brasileirão são gols de um vencedor. Parabéns ao Jonas, chegou a vez dele, tá liberado qualquer tipo de dança e ainda se fizer 3 gols tem direito a perder um feito!
Pra quem não viu o jogo como eu ou quem não viu o jogo e nem sabe nada do que aconteceu, o Grêmio venceu o Prudente no Olímpico por 4 a 0, 3 gols de Jonas e um do parceiro de ataque, André Lima. Nos últimos minutos o goleador gremista ainda se deu o luxo de perder um gol feito, driblou o goleiro, ficou livre pra marcar e chutou pra fora. Emoção? Se era, foi descarregada na entrevista coletiva após o jogo. Ao falar dos pais que estavam assistindo a partida, Jonas foi as lágrimas. É realmente um cara humilde, ano passado foi um dos entrevistados para a minha monografia, em um dia cansativo ele foi a última entrevista. Logo após o treino a sala de conferências estava lotada de jornalistas esperando o "Fico" ou "Não Fico" de Paulo Autuori, e conversamos no estacionamento dos jogadores mesmo. O papo era sobre o trabalho do Marketing e Assessoria de Imprensa com os jogadores de futebol no Grêmio, mas divagamos um pouco sobre a carreira do atleta. Jonas chegou tranquilo, mochila nas costas, me escutou com calma e respondeu minhas questões enquanto os outros jogadores já iam pra casa. Me surpreendi com o atacante do Grêmio, naquele momento voltando de uma lesão que o tirou da disputa da artilharia do Brasileirão de 2009, Jonas se mostrava um cara simples, pouco chateado com a lesão, muito esperançoso e surpreso com o apoio que recebia nas ruas onde encontrava os torcedores. Era 10 de novembro de 2009, faltavam poucas rodadas para o final do Brasileiro e Jonas ainda tinha esperança de jogar alguns jogos. Segue um trecho da minha conversa com o grande cara do time do Grêmio atualmente, que naquela época ainda não acreditava em tanto carinho da torcida e apesar da lesão se considerava no seu melhor momento, o que dizer agora?
Aline: Como está sendo o carinho com o torcedor nessa fase de recuperação?
Jonas: Quando eu vou em alguns lugares o torcedor pergunta, "quando você vai voltar", coisa que não tinha antes isso. Isso foi criado não só pelo meu trabalho com gols nos jogos, mas também a imprensa começou a dar mais valor a minha pessoa aqui no Grêmio e isso influencia com certeza o torcedor, isso que mudou de um semestre pro outro, o comportamento do torcedor comigo.
Aline: E isso reflete no teu trabalho dentro de campo?
Jonas: Reflete bastante porque a gente fica feliz né, quando a notícia é boa, não tem como não ser interessante para o jogador. Você vê no jornal saindo seu nome, você vê no programa a turma falando, você vê torcedor te elogiando nas ruas, isso é bom. Ai você vai ter que diferenciar, quando você tá num momento bom você é bom, agora quando você já não tá num momento muito legal as críticas vem, é como eu disse, você tem que sair, lavar isso, não pode deixar virar uma pedra dentro do teu trabalho porque pode prejudicar dentro de campo.
Aline: O Máxi parece ter mais facilidade com o torcedor, é difícil vaiarem ele mesmo quando ele erra.
Jonas: É o carinho que ele tem com o torcedor, é argentino entendeu, tem alguns jogadores também, não só os argentinos, mas o Tcheco também tem uma história aqui, então cada um tem uma preferência. Pra eu conquistar aqui o carinho que eu tenho hoje do torcedor na rua. Eu escuto: "pô quando você vai voltar", "estamos precisando de ti". Isso é legal porque mostra também que a gente tá tendo um trabalho legal também dentro de campo, isso é interessante. E por incrível que pareça, perante todo esse tempo que eu to aqui no Grêmio, eu não me lembro de ser vaiado aqui no clube, nunca, nunca, eu acho que não, eu passei por momentos difíceis onde a imprensa me questionava, não me importo de me questionar, mas eu nunca fui vaiado aqui, isso é bom, isso mostra que há desconfiança mas a torcida não chegou a extrapolar comigo, isso me motivava também pra que eu pudesse dar a volta por cima.
Aline: Parece que os argentinos já chegam aqui com uma facilidade de cativar a torcida.
Jonas: Isso, mas isso é uma cultura deles, a gente tem que respeitar entendeu, mas a gente sempre procura tá focado. Eu mesmo tive muita dificuldade pra me adaptar aqui, principalmente esse ano, desconfiança tudo, mas eu sabia que eu tinha potencial, que uma hora ia vir a acontecer o momento certo, o momento bom, e me veio, tanto que hoje o carinho que eu tenho do torcedor na rua, isso é importante.
Aline: Ano que vem (2010) continua no Grêmio?
Jonas: É, a princípio sim né, eu tenho contrato até o ano que vem, mas às vezes acontece alguma coisa que a gente não espera no futebol, mas o pensamento é ficar aqui mesmo. Acho que vou terminar o ano muito feliz aqui no Grêmio por tudo que eu fiz esse ano, principalmente no Brasileiro.
A conversa seguiu sobre o uso dos jogadores de futebol no marketing dos clubes, Jonas deu respostas sinceras e me ajudou muito, junto com as entrevistas de Tcheco, Léo e Túlio a colocar a voz dos jogadores de futebol nos elementos que tratei na monografia. No final da entrevista desejei sorte para a volta dele ao campo, que voltasse em breve e com muitos gols, ele riu tímido e agradeceu. Pelo que percebi Jonas já estava muito feliz pelo ano que tinha tido no Grêmio e não se abalou muito com a lesão, deu risada quando perguntei do lance da Libertadores que fez um jornal chamá-lo de "pior atacante do mundo" e do título de "artilheiro mal amado" que recebeu da imprensa aquele ano, levou tudo numa boa. Talvez sentia que ainda podia fazer muito mais pelo Grêmio e se ele confirmou nessa entrevista ser o segundo semestre de 2009 o melhor de sua carreira, acho que esse score já foi vencido pelo segundo semestre de 2010. Jonas tem tudo para ser o artilheiro do Brasileirão, são 17 gols, seis a mais que o segundo colocado, o meio-campo Bruno César, do Corinthians. Faltam 10 rodadas para o final do campeonato. Acho que Jonas estava enganado, o momento dele não chegou ano passado, o momento ele está vivendo agora.
Segue o vídeo com a música do Los Hermanos pra quem não conhece, vale a pena, prestem atenção na letra, escrita no início do post, é profunda e indireta.
Um comentário:
jonas manhoso!
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