sábado, 20 de novembro de 2010

O Apanhador no Campo de Centeio, J. D. Salinger


Holden é o cara!
Resenha de livro, isso normalmente dá náuseas em um estudante. Escrevi essa apreciação sobre "O Apanhador no Campo de Centeio" há muito tempo atrás, não lembro quanto, nem sei para o que era exatamente. Acho que era só pra mim mesmo, enfim, um livro que encanta. Foi uma indicação de um jornalista da Rádio PopRock, Arthur de Faria, lembro que ele falou tanto nesse livro que ganhou minha curiosidade, fui na Biblioteca da Unisc e retirei um exemplar, devorei rapidinho, não tem como não virar fã do Holden Caufield.

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Informações e Curiosidades
O Apanhador no Campo de Centeio foi lançado primeiramente em formato de revista entre os anos de 1945 e 1946, só foi publicado em formato de livro em 1951 e se tornou um dos romances mais lidos dos Estados Unidos.

Uma curiosidade nada legal é que esse livro está ligado ao assassinato de John Lennon e na tentativa de assassinato de Ronald Reagan em 30 de abril de 1981. Mark David Chapman, assassino de Lennon e o atirador de Reagan afirmaram terem se inspirado no livro por tomarem tais atitudes. Cuidado então pessoal, se inspirem em coisas boas com o livro de Salinger e descubram o seu lado Holden Caulfield.

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O Apanhador no Campo de Centeio
Um romance americano, Holden Caulfield é um jovem que foi expulso mais uma vez da escola, dessa vez o colégio é o Pencey. Holden não gostava muito de estudar, era bom só em inglês e redação. Não suportava ainda mais seus colegas da escola, em certo ponto até que gostava de Ackley, que era um garoto mais excluído na turma, e do Stradlater seu colega de quarto metido a garanhão. Na verdade era um garoto diferente, que resolve não aceitar as coisas como elas são e analisa as pessoas durante todo o livro. Holden resolve ir para Nova York, mas não vai em casa, com o dinheiro da venda da sua máquina de escrever fica em um hotel, não quer chegar em casa antes de seus pais receberem a notícia de mais essa expulsão.

Holden adora sua irmã mais nova Phoebe, inclusive vai em casa visitá-la sem que seus pais percebam, lembra com muito carinho do seu irmão que morreu jovem, Allie, que era dois anos mais novo que ele. O outro irmão de Holden é D. B., um escritor, o mais velho, e atualmente morava em Hollywood. Os dias que Holden passa em Nova York ele conversa com muitos ex-colegas e ex-namoradas, pensa em muitas coisas, conhece novas pessoas, analisa sua vida e a atitude da sociedade onde vive.

O garoto tem muitas idéias malucas, passa por apertos, bebedeiras, um possível assédio de um ex-professor seu e outras aventuras, algumas com efeitos muito mais psicológicos do que físicos. Apesar de ter pensado em fugir para o oeste e muitas outras possibilidades Holden acaba voltando para casa.  Conversa com terapeutas, seu irmão vai visitá-lo e em outubro ele entrará em outra escola.

“D. B. não é dos piores, mas também fica me fazendo um monte de perguntas. Veio me visitar no Sábado passado e trouxe a garota inglesa que vai trabalhar no novo filme que ele está escrevendo. Ela é meio metida a besta, mas é um bocado bonita. De qualquer maneira na hora que ela foi ao toalete, lá na outra ala, o D. B. me perguntou o que é que eu pensava sobre esse troço todo que acabei de contar. Eu não soube o que dizer. Para ser franco, não sei o que eu acho disso tudo. Tenho pena de ter contado o negócio a tanta gente. Só sei mesmo é que sinto uma espécie de saudade de todo mundo que entra na estória. Até do safado do Stradlater e do Ackley, por exemplo. Acho que sinto falta até do filho da mãe do Maurice. É engraçado. A gente nunca devia contar nada a ninguém. Mal acaba de contar, a gente começa a sentir saudade de todo mundo.”

Um adolescente, suas angústias, seus medos, sua vontade de mudar o mundo com as próprias mãos. Mudar as regras do jogo, uma vontade que com certeza só se tem com essa idade, mas que todos deveríamos continuar com ela durante toda a nossa vida. Ver a verdadeira sociedade e achar tudo aquilo uma droga e querer mudar, saber que se é diferente e acreditar. Holden é um adolescente com todos os problemas de um adolescente, mas com uma diferença, ele não apenas queria fugir das regras como fugiu. Sabia dos "cretinos" que o cercavam mas não era páreo para mudar aquilo, viveu seus dias de maior emoção, sentiu todos os medos, as dúvidas e todos os sentimentos que podia sentir. Ele era um adolescente e resolveu contar num livro como foi que ele tentou descobrir como ser ele mesmo. Se surpreendeu, mas viveu intensamente, no livro alguns dias parecem retratar uma vida. No final da narração ele diz que vai parar a estória por ali pois não tem vontade de contar mais nada. Tudo bem Holden, até ali ela já tinha valido a pena, e como.

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Palhinha
PRIMEIRA PARTE DO LIVRO
“Se querem mesmo ouvir o que aconteceu, a primeira coisa que vão querer saber é onde eu nasci, como passei a porcaria da minha infância, o que meus pais faziam antes que eu nascesse, e toda essa lenga-lenga tipo David Coperfield, mas, para dizer a verdade, não estou com vontade de falar sobre isso. Em primeiro lugar, esse negócio me chateia e, além disso, meus pais teriam um troço se eu contasse qualquer coisa íntima sobre eles. São um bocado sensíveis a esse tipo de coisa, principalmente meu pai. Não é que eles sejam ruins – não é isso que estou dizendo – mas são sensíveis pra burro. E, afinal de contas, não vou contar toda a droga da minha autobiografia nem nada. Só vou contar esse negócio de doido que me aconteceu no último Natal, pouco antes de sofrer um esgotamento e de me mandarem para aqui, onde estou me recuperando. Foi só isso o que contei ao D. B., e ele é meu irmão e tudo. Ele está em Hollywood. Não é muito longe deste pardieiro, e ele vem me visitar quase todo fim de semana. Quando eu voltar pra casa, talvez no mês que vem, é ele quem vai me levar de carro. Comprou há pouco tempo um Jaguar, um desses carrinhos ingleses que fazem uns trezentos quilômetros por hora e que custou uns quatro mil dólares. D.B. agora vive nadando em dinheiro, mas antigamente a coisa era outra. Quando morava conosco era apenas um escritor. Se é que nunca ouviram falar nele, foi D. B. quem escreveu aquele livro de contos fabuloso, O Misterioso Peixinho Dourado. O melhor conto do livro era a estória do garotinho que não deixava ninguém ver seu peixe dourado, só porque o tinha comprado com seu próprio dinheiro. Achei o máximo. Agora D. B. está em Hollywood, se prostituindo. Se há coisa que eu odeie, é cinema. Não posso nem ouvir falar de cinema perto de mim.”

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