sábado, 25 de setembro de 2010

Apenas um domingo de sol

Começando a série "Textos Taquaryense"... hehehe. Vou tentar postar alguns textos antigos aqui da época em que eu era estudante de Jornalismo e tinha várias coisas na cabeça, algumas que hoje não entendo ou não me lembro, mas foram textos importantes pra mim, marcaram minha trajetória e me trouxeram sempre um retorno muito bacana das pessoas que liam. Certa vez fui acordada pela minha mãe em um sábado pela manhã aos gritos me dizendo que "Fulana" queria falar comigo no telefone, eu não fazia ideia de quem se tratava, minha mãe emocionada nem se lembrou de explicar. Era uma senhora que adorou um dos meus textos, eu era uma pessoa atônita tentando acordar do outro lado do telefone.

Outra vez fui parada no meio da rua, quase não ouvi os gritos de uma mulher que me fazia vários sinais, de fone de ouvido e pensamento lá nas nuvens foi difícil, mas a minha leitora foi persistente. Minha reação? Fiquei atônita de novo, até hoje eu me pergunto se eu achava que escrevia aqueles textos pra ninguém ler porque sempre me apavorava quando alguém me abordava na rua para falar sobre algum deles.

Outro problema: Nem sempre eu lembrava de que texto a pessoa estava falando. Mas de uma coisa eu lembro bem, era um carinho muito bacana. Vou colocar abaixo a representação de um dos textos que foram publicados no "O Taquaryense" no dia 14 de junho de 2003, todo montando tipo por tipo, não sei se vai ficar legível então na sequência vou colocar o texto corrido. O escolhido para estrear foi "Apenas um domingo de sol", onde eu tenho uma crise de pré-vida adulta. Ler isso hoje pra mim se torna muito engraçado, mas é parte de quem eu sou agora.




APENAS UM DOMINGO DE SOL
Aline Ben da Costa*
Tudo bem, eu confesso que quando eu era criança o que eu mais sonhava era com os meus 18 anos. Só que ter 18 anos realmente não passa nem perto do que eu imaginava que seria. Atualmente o que eu mais gostaria é de ser criança novamente, meus Deus que saudade! Eu me via no Paraíso, passava os dias estudando as matérias fundamentais que ao meu ver já eram muito difíceis, pelo menos o suficiente para reclamar que eu odiava estudar. Agora eu enfrento monografias, resenhas, ensaios, palavras que naquela época não faziam o menor sentido para mim, fora os trabalhos práticos, coisas inimagináveis, a minha vida de criança era muito menos complexa. O suficiente para eu ficar rindo sozinha era um domingo de sol, ele por si só se tornava a maravilha das maravilhas, realmente hoje em dia eu preciso de bem mais que um domingo de sol para sair dando pulos de felicidade.

Não importa se o sol está brilhando em pleno domingo se o Grêmio está perdendo para o Internacional, realmente perder um GRENAL é um problema sério. E piorando ainda mais, se eu tenho uma prova na segunda-feira pela manhã, se eu acabo de constatar que a impressora não liga (e pior que não está ligando mesmo), e falando sério até agora não consegui me recuperar do suicídio que o meu celular cometeu na noite de sábado. Realmente esses dois últimos itens que são “baseados em fatos reais” me deixaram meio mal. Na minha época de criança um domingo de sol me faria esquecer do resultado do GRENAL, e o mais legal eu nem fazia idéia do que seria uma impressora e um celular, pois na “minha época” isso ainda não estava disseminado pelo mundo todo.

Na verdade eu acredito que todas as etapas da nossa vida tem seus prós e seus contras. Mas no meio de uma crise de vida adulta não seria nada mal lembrar como eram os traumas de infância da minha geração, aqueles que se resumiam ao fato de não ter um roller, de passar o domingo de molho em casa porque choveu e ainda na última tentativa de salvar o dia ir jogar Mortal Kombat e ficar completamente irritado pelo fato de não ter conseguido derrotar o Goro na fase final. É, realmente era bem mais simples ser criança, atualmente eu trocaria com certeza a minha prova de Teoria da Comunicação por uma luta mortal contra o príncipe Goro.
*Acadêmica de Jornalismo da UNISC

Nenhum comentário: